quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pálido

Eu toco a palidez do mundo, mesmo o sol parece pálido hoje, as nuvens perderam sua brancura, perderam o cinzento desses dias. Eu posso estar dentro de uma prisão de vidro, posso estar dentro de um cubo de vidro e então, então tudo se torna uma escolha.


Eu posso ver a raiva dançando com aquele belo pássaro, sim, eu posso ver a liberdade desequilibrada suspensa numa corda bamba. E eu posso ver o amor ferido chorando em algum canto, eu posso ver a frieza de meus próprios olhos. E eu posso ver que tudo é uma opção, sim, tudo é uma opção. Não queria fazer você perder seu tempo, não seu precioso tempo.


Escolho uma pequena casinha no meio do nada e ela é pálida, como todas as coisas por aqui são e eu gostaria de dizer que eu acho que está tudo bem e que tudo vai se ajeitar, na verdade eu creio bem nisso. Mas, querido, há algo aqui dentro que aperta meu peito, tem algo aqui dentro que me causa um imenso desconforto.


Não, não o que eu penso. Não, tampouco o que eu sinto. É só uma máquina de ódio, uma bela máquina de ódio. E quando penso que eu estou perdendo meu tempo, quando penso em tempo, já não sei o que penso. Meu estômago dói e eu só acho que queria me deitar e deixar o sol tocar minha pele. Eu só acho que estou pendurada em sua sombra.


Quando me julguei louca, sim, me julguei louca, eu peguei um punhado de uma pequena brisa luminosa e a enfiei dentro de meu peito! Ah, querido, as coisas não abandonaram suas palidezes, mas algo em mim ficou bem verde, algo em mim disse o que eu queria. Eu sei o que eu quero, eu sei exatamente o que eu quero dentro desse mundo pálido.


Então, algo me mantém simplesmente paralisada, algo me mantém simplesmente paralisada e talvez eu quisesse um calmante hoje, ou um vôo ou sentar na praça e olhar os carros, mas algo me mantém simplesmente paralisada, pendurada em sua sombra.


E eu bebo isso mais uma vez e mais uma vez... Foi um engano, sempre é um engano e a bebida é amarga, mas me deixa alterada. Eu não sinto mais nada, não sinto mais nada, estou anestesiada. Algo me mantém simplesmente paralisada, petrificada, amordaçada. Então, faça!

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